Capítulo 4. Port Lento

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Certo, então não foi tão simples e o port precisou de algumas modificações para poder funcionar. Nesta seção, vamos explicar passo a passo como modificá-lo para que funcione com o paradigma do ports.

4.1. Como as Coisas Funcionam

Primeiro, esta é a sequência de eventos que ocorre quando o usuário executa make no diretório do port. Ter o bsd.port.mk aberto em outra janela enquanto lê esta seção realmente irá ajudar a entender melhor.

Mas não se preocupe, não são muitas as pessoas que entendem exatamente como o bsd.port.mk funciona…​:-)

  1. O target fetch é executado. O target fetch é responsável por garantir que o tarball exista localmente em DISTDIR. Se o fetch não puder encontrar os arquivos necessários no DISTDIR ele procurará a URL na variável MASTER_SITES, definida no Makefile, assim como nos nossos mirrors FTP nos quais colocamos os distfiles como backup. Em seguida, ele tentará buscar o arquivo de distribuição nomeado com FETCH, assumindo que o site solicitante tem acesso direto à Internet. Se isso for bem sucedido, ele salvará o arquivo em DISTDIR para uso futuro e continuará.

  2. O target extract é executado. Ele procura pelo arquivo de distribuição do port (normalmente um tarball compactado) em DISTDIR e irá descompactá-lo em um subdiretório temporário especificado por WRKDIR (padrão é work).

  3. O target patch é executado. Primeiro, quaisquer patches definidos em PATCHFILES são aplicados. Segundo, se arquivos de patch nomeados patch-* forem encontrados em PATCHDIR (padrão para o subdiretório files), eles serão aplicados neste momento em ordem alfabética.

  4. O target configure é executado. Ele pode fazer qualquer uma de muitas coisas diferentes.

    1. Se existir, scripts/configure é executado.

    2. E se HAS_CONFIGURE ou GNU_CONFIGURE está definido, WRKSRC/configure é executado.

  5. O target build é executado. Ele é responsável por mudar para o diretório de trabalho privado do port (WRKSRC) e compila-lo.

  6. O target stage é executado. Este coloca o conjunto final de arquivos construídos em um diretório temporário (STAGEDIR, Veja Staging). A hierarquia deste diretório espelha a do sistema no qual o pacote será instalado.

  7. O target package é executado. Ele cria um pacote usando os arquivos do diretório temporário criado durante o target stage e o pkg-plist do port.

  8. O target install é executado. Este instala o pacote criado durante o target package no host.

As ações acima são padrão. Além disso, defina os targets pre-something ou post-something, ou insira scripts com esses nomes no subdiretório scripts, e eles serão executados antes ou depois das ações padrão serem executadas.

Por exemplo, se houver um target post-extract definido no Makefile e um arquivo pre-build no subdiretório scripts, o target post-extract será chamado após as ações de extração regulares e pre-build será executado antes que as regras de compilação padrão sejam feitas. Recomenda-se usar targets no Makefile se as ações forem simples, porque será mais fácil para alguém descobrir que tipo de ação não padrão o port necessita.

As ações padrão são feitas pelos targets do-something do bsd.port.mk. Por exemplo, os comandos para extrair um port estão no target do-extract. Se o target padrão não fizer o trabalho direito, redefina o target do-something no Makefile.

O target "principal" (por exemplo, extract, configure, etc.) fazem nada mais do que certificar-se de que todos os estágios até aquele estão concluídos e chamar os targets ou scripts reais, e eles não pretendem ser alterados. Para consertar a extração, corrija do-extract, mas nunca mude a forma como extract opera! Além disso, o target post-deinstall é inválido e não é executado pela infraestrutura de ports.

Agora que o que acontece quando o usuário digita make install é melhor entendido, vamos seguir as etapas recomendadas para criar o port perfeito.

4.2. Obtendo os Fontes Originais

Obtenha os fontes originais (normalmente) como um tarball compactado (foo.tar.gz ou foo.tar.bz2) e copie-o para DISTDIR. Use fontes do mainstream sempre que possível.

Definir a variável MASTER_SITES para refletir onde o tarball original reside. Existem definições abreviadas para a maioria dos sites mainstream em bsd.sites.mk. Por favor, use esses sites - e as definições associadas—​se for possível, para ajudar a evitar o problema de ter as mesmas informações repetidas várias vezes na base de origem. Como esses sites tendem a mudar com o tempo, isso se torna um pesadelo de manutenção para todos os envolvidos. Veja MASTER_SITES para detalhes.

Se não houver nenhum site FTP/HTTP bem conectado à rede ou se puder encontrar apenas sites com formatos irritantemente não-padrão, coloque uma cópia em um servidor FTP ou HTTP confiável (por exemplo, uma home page).

Se um lugar conveniente e confiável para colocar o distfile não puder ser encontrado, nós podemos "hospedar" em ftp.FreeBSD.org; no entanto, esta é a solução menos preferida. O distfile deve ser colocado em ~/public_distfiles/ da conta freefall de alguém. Peça para a pessoa que for fazer o commit do port para realizer isso. Essa pessoa também irá definir MASTER_SITES para LOCAL/username onde username é o seu login do cluster do FreeBSD.

Se o distfile do port mudar o tempo todo sem nenhum tipo de atualização de versão pelo autor, considere colocar o distfile em uma página pessoal e liste-a como o MASTER_SITES primário. Tente falar com o autor do port para parar de fazer isso; Isso realmente ajuda a estabelecer algum tipo de controle de código-fonte. Hospedar uma versão específica impedirá que os usuários obtenham erros de checksum mismatch, e também irá reduzir a carga de trabalho dos mantenedores do nosso site FTP. Além disso, se houver apenas um site master para o port, recomenda-se armazenar um backup em uma home page e listá-lo como o MASTER_SITES secundário.

Se o port exigir patches adicionais disponíveis na Internet, baixe-os também e coloque-os em DISTDIR. Não se preocupe se eles vierem de um site diferente de onde vem o tarball do código fonte principal, temos uma maneira de lidar com essas situações (veja a descrição PATCHFILES abaixo).

4.3. Modificando o Port

Desempacote uma cópia do tarball em um diretório privado e faça as alterações necessárias para que o port compile corretamente sob a versão atual do FreeBSD. Atenção dobrada nessas etapas, pois elas serão necessárias para automatizar o processo em breve. Tudo, incluindo a exclusão, adição ou modificação de arquivos, devem ser realizados usando um script automatizado ou um arquivo patch quando o port estiver finalizado.

Se o port exigir interação/customização significativa do usuário para compilar ou instalar, dê uma olhada em um dos scripts Configure clássicos de Larry Wall e talvez faça algo semelhante. O objetivo da nova coleção de ports é fazer com que cada port seja "plug-and-play" o quanto possível para o usuário final, usando um mínimo de espaço em disco.

A menos que explicitamente declarado, os arquivos de patch, scripts e outros arquivos criados e contribuídos para a coleção de ports do FreeBSD são assumidos como cobertos pelas condições de copyright padrão do BSD.

4.4. Patching

Na preparação do port, arquivos que forem adicionados ou alterados podem ser gravados com diff(1) para posterior inclusão em um patch(1). Fazer isso com um arquivo típico envolve salvar uma cópia do arquivo original antes de fazer qualquer alteração usando um sufixo .orig.

% cp file file.orig

Depois que todas as alterações forem realizadas, cd de volta ao diretório do port. Execute make makepatch para gerar arquivos de patch atualizados no diretório files.

Usar BINARY_ALIAS para substituir comandos codificados durante a compilação e para evitar patching de arquivos de compilação. Veja Use BINARY_ALIAS para Renomear Comandos Em Vez de Aplicar Patch na Compilação para maiores informações.

4.4.1. Regras Gerais para Patching

Arquivos patch são armazenados em PATCHDIR, geralmente files/, de onde serão aplicados automaticamente. Todas os patches devem ser relativos ao WRKSRC. Tipicamente WRKSRC é um subdiretório de WRKDIR, o diretório onde o distfile é extraído. Execute make -V WRKSRC para ver o caminho real. Os nomes dos patches devem seguir estas regras:

  • Evite ter mais de um patch modificando o mesmo arquivo. Por exemplo, ter os dois patch-foobar.c e patch-foobar.c2 fazendo alterações em ${WRKSRC}/foobar.c torna-os frágeis e difíceis de serem depurados.

  • Ao criar nomes para arquivos de patch, substitua cada underline () com dois underlines () e cada barra (/) com um underline (). Por exemplo, para corrigir um arquivo chamado src/freeglut_joystick.c nomeie o patch correspondente patch-src_freeglutjoystick.c. Não nomeie patches como patch-aa ou patch-ab. Sempre use o caminho e o nome do arquivo nos nomes dos patches. O make makepatch gera automaticamente os nomes corretos.

  • Um patch pode modificar vários arquivos se as alterações estiverem relacionadas e o patch tiver o nome apropriado. Por exemplo, patch-add-missing-stdlib.h.

  • Use apenas caracteres [-+._ a-zA-Z0-9] para nomear patches. Em particular, não use :: como um separador de path, use _ no lugar.

Minimize a quantidade de mudanças de espaço em branco não funcionais em patches. É comum no mundo Open Source para projetos compartilhar grandes quantidades de uma base de código, mas obedecer a regras de recuo e estilo diferentes. Ao usar uma funcionalidade funcional de um projeto para consertar áreas similares em outra, por favor, tenha cuidado: o patch resultante pode estar cheio de mudanças não-funcionais. Ele não só aumenta o tamanho do repositório do ports, mas torna difícil descobrir o que exatamente causou o problema e o que foi alterado em todos.

Se um arquivo precisar ser excluído, faça-o no target post-extract em vez de como parte do patch.

4.4.2. Geração Manual de Patches

A criação manual de patches geralmente não é necessária. A geração automática de patches, conforme descrito anteriormente nesta seção, é o método preferido. No entanto, patches manuais podem ser necessários ocasionalmente.

Patches são salvos em arquivos nomeados como patch-* onde * indica o nome do caminho do arquivo que está sendo feito o patch, como patch-imakefile ou patch-src-config.h.

Depois que o arquivo foi modificado, diff(1) é usado para registrar as diferenças entre a versão original e a modificada. -u faz com que o diff(1) produza diffs "unificados", a forma preferida.

% diff -u file.orig file > patch-pathname-file

Ao gerar patches para novos arquivos adicionados, -N é usado para dizer ao diff(1) para tratar o arquivo original inexistente como se existisse, mas estava vazio:

% diff -u -N newfile.orig newfile > patch-pathname-newfile

Não adicione Strings RCS $FreeBSD: head/pt_BR.ISO8859-1/books/porters-handbook/book.xml 54410 2020-08-05 22:13:01Z dbaio $ em patches. Quando os patches são adicionados ao repositório Subversion com svn add, a propriedade fbsd:nokeywords é definida para yes automaticamente para que as keywords no patch não sejam modificadas no commit. A propriedade pode ser adicionada manualmente svn propset fbsd:nokeywords yes files…​.

Usar a opção (-r) do diff(1) para gerar patches é razoável, mas por favor, analise os patches resultantes para se certificar de que não há nenhum lixo desnecessário neles. Em particular, diffs entre dois arquivos de backup, quando o port usa Imake ou GNU configure, etc., diffs de Makefiles são desnecessários e devem ser eliminados. Se for necessário editar o configure.in e executar o autoconf para regerar o configure, não gere diffs do configure (ele geralmente cresce para algumas milhares de linhas!). Em vez disso, defina USES=autoreconf e gere os diffs no configure.in.

4.4.3. Substituições Automáticas Simples

Substituições simples podem ser realizadas diretamente do Makefile do port usando o modo in-loco do sed(1). Isso é útil quando as alterações usam o valor de uma variável:

post-patch:
	@${REINPLACE_CMD} -e 's|/usr/local|${PREFIX}|g' ${WRKSRC}/Makefile

Use o sed(1) apenas para substituir conteúdo de variáveis. Você deve usar arquivos patch em vez do sed(1) para substituir conteúdo estático.

Muitas vezes, o software sendo portado usa a convenção CR/LF nos arquivos fonte. Isso pode causar problemas com correções adicionais, avisos do compilador ou execução de scripts (como /bin/sh^M não encontrado.) Para converter rapidamente todos os arquivos de CR/LF para apenas LF, adicione essa entrada ao Makefile do port:

USES=	dos2unix

Uma lista de arquivos específicos para conversão pode ser informada:

USES=	dos2unix
DOS2UNIX_FILES=	util.c util.h

Use DOS2UNIX_REGEX para converter um grupo de arquivos em subdiretórios. Seu argumento é um find(1) compatível com expressão regular. Mais sobre o formato está em re_format(7). Esta opção é útil para converter todos os arquivos de uma determinada extensão. Por exemplo, converta todos os arquivos de código-fonte, deixando os arquivos binários intactos:

USES=	dos2unix
DOS2UNIX_REGEX=	.*\.([ch]|cpp)

Uma opção similar é DOS2UNIX_GLOB, que executa o find para cada elemento listado nele.

USES=	dos2unix
DOS2UNIX_GLOB=	*.c *.cpp *.h

O diretório base para a conversão pode ser definido. Isso é útil quando há vários distfiles e vários arquivos contidos que requerem conversão de fim de linha.

USES=	dos2unix
DOS2UNIX_WRKSRC=	${WRKDIR}

4.4.4. Corrigindo Condicionalmente

Alguns ports precisam de patches que são aplicados apenas para versões específicas do FreeBSD ou quando uma determinada opção é ativada ou desativada. Os patches condicionais são especificados colocando-se os caminhos completos para os arquivos de patch em EXTRA_PATCHES.

Exemplo 1. Aplicando um Patch para uma Versão Específica do FreeBSD
.include <bsd.port.options.mk>

# Patch in the iconv const qualifier before this
.if ${OPSYS} == FreeBSD && ${OSVERSION} < 1100069
EXTRA_PATCHES=	${PATCHDIR}/extra-patch-fbsd10
.endif

.include <bsd.port.mk>
Exemplo 2. Aplicando Opcionalmente um Patch

Quando um option requer um patch, use OPT_EXTRA_PATCHES e OPT_EXTRA_PATCHES_OFF para fazer o patch condicional na opção opt. Veja [options-variables] Para maiores informações.

OPTIONS_DEFINE=	  FOO BAR
FOO_EXTRA_PATCHES=  ${PATCHDIR}/extra-patch-foo
BAR_EXTRA_PATCHES_OFF=	${PATCHDIR}/extra-patch-bar.c \
		${PATCHDIR}/extra-patch-bar.h
Exemplo 3. Usando EXTRA_PATCHES Com um Diretório

As vezes, existem muitos patches que são necessários para um recurso, neste caso, é possível apontar EXTRA_PATCHES para um diretório, e ele aplicará automaticamente todos os arquivos nomeados como patch* nele.

Crie um subdiretório em ${PATCHDIR}, e mova os patches para ele. Por exemplo:

% ls -l files/foo-patches
-rw-r--r--  1 root  wheel    350 Jan 16 01:27 patch-Makefile.in
-rw-r--r--  1 root  wheel   3084 Jan 18 15:37 patch-configure

Então adicione isso ao Makefile:

OPTIONS_DEFINE=	FOO
FOO_EXTRA_PATCHES=	${PATCHDIR}/foo-patches

O framework irá então usar todos os arquivos nomeados patch* nesse diretório.

4.5. Configurando

Inclua quaisquer comandos de personalização adicionais no script configure e salve-o no subdiretório scripts. Como mencionado acima, também é possível fazer isso com targets no Makefile e/ou scripts com o nome pre-configure ou post-configure.

4.6. Manipulando a Entrada do Usuário

Se o port requer intervenção do usuário para build, configure ou install, defina IS_INTERACTIVE no Makefile. Isso fará com que os "overnight builds" pulem ele. Se o usuário definir a variável BATCH em seu ambiente (e se o usuário definir a variável INTERATIVE, então apenas aqueles ports que requerem interação serão compilados). Isso economizará muito tempo perdido no conjunto de máquinas que continuamente compilam ports (veja abaixo).

Também é recomendado que, se houver respostas padrão razoáveis ​​para as perguntas, PACKAGE_BUILDING pode usado para desativar a intervenção do usuário quando o mesmo estiver definido. Isso nos permitirá compilar os pacotes para CDROMs e FTP.


Última alteração em: 9 de março de 2024 por Danilo G. Baio